28.11.08

INAUGURAÇÃO VSP'08

// 27.11.08



















*Fotos: Chezter

27.11.08

GRAAU

// Manifesto

No sentido de atribuir uma identidade forte e facilmente apreensível, será necessário agrupar as iniciativas sob uma designação comum, que seja apelativa e iconográfica. A presente proposta foi formulada na óptica do seu valor em termos de mnemónica e de relacionamento com a iniciativa, tendo em vista o publico alvo, e as actividades propostas. Subdivide-se em 3 partes:



A GAU projecta-se como um espaço para a execução de iniciativas de Arte Urbana ao ar livre, seja por iniciativa própria ou de uma forma organizada, em colaboração com as entidades protocoladas.

A principal função deste espaço reside no facto de ser um elemento urbano destacado, espaço dedicado e simbólico da ponte entre autarquia e a comunidade de artistas urbanos, pelo que a intervenção no mesmo será revestida de valores totalmente distintos dos existentes quando as intervenções são desenvolvidas em paredes “anónimas”.
Deste modo, a GAU é essencialmente um espaço de destaque que pode servir autores e iniciativas dentro do contexto da confluência e concordância entre os autores de Arte Urbana, a autarquia e iniciativas de outras associações com propósitos conciliáveis.

Tendo em vista o objectivo da GAU se tornar um espaço onde se procura incentivar e concentrar a participação livre, será necessário tornar mais acessíveis as superfícies existentes ou aumentar o espaço disponível de forma a possibilitar um acesso mais equilibrado.
Será igualmente importante, e já numa primeira fase, a colocação de uma descrição em forma de legenda que sensibilize para o propósito e uso da GAU.

A dinamização da GAU fará sentido ser articulada com o Laboratório de Arte Urbana [ LAU ], (Rua do Norte 111), em termos de calendarização de iniciativas, debates, e partilhas de experiências, práticas e teóricas.



O LAU propõe-se como espaço de centralização do conhecimento relativo às práticas de Arte Urbana, tanto no domínio da sua delimitação como disciplina assim como repositório, local de consulta e encontro.
Na prática, o espaço interior procura celebrar a vibrante cultura urbana do espaço público do Bairro Alto, funcionando como uma extensão deste mesmo.
Através de uma calendarização de actividades (já articuladas em programa preliminar) pretende-se gerar uma dinâmica que a médio/longo prazo consiga estabelecer consensos entre os vários tipos de uso do Bairro Alto a titulo de caso de estudo.

Perspectivando-se assim uma metodologia de trabalho passível de ser aplicada em diversos territórios, quer no âmbito da interdisciplinaridade (relações estas cada vez mais emergentes; street art, design, arquitectura, urbanismo), quer em territórios físicos através do programa Fachadas de Arte Urbana [ FAU ], no qual propõe transportar do LAU as melhores práticas para o espaço público.



Esta é uma proposta que visa aproveitar a dinâmica, a experiência e o conhecimento acumulado no Laboratório de Arte Urbana [ LAU ], gerando uma mais-valia para variados espaços públicos em forma de intervenções pontuais nas fachadas de elementos urbanos devolutos ou em risco (edifícios, muros de suporte…).

O aproveitamento destas superfícies degradadas pertencentes ao património municipal poderá ser (com planeamento, rigor e organização) um processo extremamente vantajoso em termos da afirmação de Lisboa como cidade criativa.
No decurso da proposta de utilização do espaço laboratório [ LAU ] por ciclo de debates e ateliers de trabalho, seria de determinar um ou um conjunto de potenciais locais de aplicação prática de Arte Urbana, devidamente acompanhados e apoiados pelas entidades protocoladas.

Deste modo, o seu funcionamento seria coordenado com base na análise caso a caso da proposta de intervenção, encargos e calendarização, em sintonia tanto com a Galeria [ GAU ] como com o Laboratório [ LAU ].

GRAAU
GRAFISMO, REABILITAÇÃO e RENOVAÇÃO pela ARTE URBANA
(Graphic Rehabilitation and Renovation through Urban Art)

*info: Grrau

BONUS

// Graffiti Gallery



Bonus Graffiti Gallery

DIÁLOGO & ACÇÃO

// Demonstração no Terreiro do Paço

No passado Domingo - 23 de Setembro - os writers de nacionalidade brasileira CZS e Noia estiveram no Terreiro do Paço a fazer uma demonstração de graffiti, inserida em uma das muitas actividades da CML, "Ao Domingo o Terreiro do Paço é das pessoas".

Estes writers pertencem à Associação "Diálogo & Acção", cujo trabalho é feito maioritariamente com crianças. Associação esta que se encontra neste momento a desenvolver um projecto de apoio a jovens na Amadora. Para conhecerem um pouco mais visitem o MySpace da "Diálogo & Acção".




26.11.08

LX CONCEPT

// The Writers Bench
























Quem: The Writers Bench
Onde: LX Concept
Quando: 28 de Novembro a partir das 21h
Convidado: Vile (LGN)

// Apresentação

LX Concept apresenta “The Writers Bench” a partir do dia 28 de Novembro. Este bar situado em Benfica vai acolher exposições de writers portugueses e algumas participações de writers internacionais.

A ideia surgiu do writer Pariz que, associado ao writer Molin, propuseram esta ideia à gerência do bar “Lx Concept”:

”Sempre quis ter em Portugal um sitio onde pudesse ver expostas ideias, criações ,telas e fotos de writers portugueses e quem sabe internacionais. Um sítio em que pudesse ir a qualquer dia da semana e onde encontrasse algo de novo. É óbvio que o graffiti real está nas ruas, nos grandes murais, na linha de comboio,nos rooftops, nos trains, mas todo este processo é constituído por fases, e é nestas fases que se foca este espaço. Poderemos sentir todo este trabalho de rua que é feito pelos artistas concentrado num só espaço onde poderemos respirar as suas ideias ,ideais, perspectivas e muito mais....”

“...o Lx Concept vai funcionar na minha perspectiva como um Writers Bench, uma vez que nós writers poderemos debater os mais variados temas, contar episódios, rever amigos, etc... Basicamente vai funcionar como um myspace, fotolog, webpage ou blog, mas real, onde tudo é vivido de outra forma..”
- Pariz

O Lx Concept irá receber duas a três exposições mensais e cada exposição terá um conceito que será definido pelo próprio artista.

O primeiro writer a expor será o Vile (LGN crew), com uma abordagem e conteúdos surpreendentes. Apareçam!

// Contactos

LX CONCEPT
Estrada de Benfica 451 F/G (a 2 minutos do Café Califa)
1500-080 Lisboa
Tel.214020426

Crazy Creyz

// Flip - 2008

25.11.08

Mr.Dheo Video

// Religion

20.11.08

Visual Street Performance 08

// Press Release



Quem: HBSR81, Hium, Klit, Mar, Ram, Time e Vhils
Convidados: From the Cave (Portugal), Xenz e Krek (Inglaterra)
Onde: Rua do Norte, 103/105 – Bairro Alto
Quando: De 27 de Novembro a 14 de Dezembro

// Apresentação

Visual Street PerformanceVSP – é o maior evento expositivo ligado ao graffiti e à arte urbana em Portugal. A edição de 2008 abre as portas ao público no próximo dia 27 de Novembro, no Bairro Alto, Lisboa.

Lançado no ano de 2005, tem se apresentado de forma regular através da realização de um evento anual em Lisboa. Centrado em torno de uma exposição colectiva, o evento tem-se pautado pela interacção com um vasto público, contando com actividades paralelas como a música, sessões de pintura e graffiti com convidados nacionais e estrangeiros, debates sobre a intervenção no espaço público, projecção de filmes ligados à temática do graffiti e arte urbana, workshops e orientação e interacção artística.

// Historial

Formado por um colectivo de sete writers de graffiti – HBSR81, Hium, Klit, Mar, Ram, Time e Vhils – a VSP visa promover o alargamento do âmbito do trabalho destes artistas urbanos a espaços interiores, de modo a permitir a exploração de novas possibilidades técnicas e artísticas. Procura igualmente promover o seu trabalho junto de um público mais abrangente.

O colectivo abriu as portas da primeira exposição em 2005, nas instalações da antiga Interpress, ao Bairro Alto. O evento tornou-se de imediato um marco de referência no panorama da arte urbana em Portugal. Através dos trabalhos dos seus membros, veio legitimar e reconhecer a presença do graffiti enquanto actividade artística, em ambientes interiores que possibilitam outra relação de diálogo com um público mais vasto.

O evento seria consolidado nas edições seguintes, em 2006 ainda na Interpress, e em 2007 na Fábrica de Braço de Prata. Neste último, o espaço seria ocupado com propostas de criação individual e colectiva em vários suportes abrangentes, da pintura mural à fotografia, passando por instalações, personalização de vários objectos e expressão gráfica.

Esta edição seria igualmente marcada pelo lançamento do livro "Visual Street Performance", a primeira abordagem séria a ser publicada sobre um colectivo de artistas ligados ao graffiti e à arte urbana em Portugal. O projecto de Miguel Moore e Luís Cruz, faz o balanço do trabalho individual e colectivo dos artistas apresentado nos anos anteriores, contextualizando o panorama português à luz do fenómeno global, enquadrando o percurso e as vivências dos writers no seu perfil individual e colectivo. Também em 2007 teria lugar a realização e apresentação do documentário de Pedro Patrocínio sobre a VSP, uma peça que narra o percurso da edição na Fábrica do Braço de Prata e acções paralelas.

// VSP 2008

A VSP 2008 abre as portas ao público dia 27 de Novembro, na Rua do Norte 103/105, ao Bairro Alto. O evento deste ano conta com a exposição dos trabalhos gráficos e visuais dos membros do colectivo, convidados nacionais e internacionais, assim como a realização de outros acontecimentos paralelos.

A VSP ocupa este ano, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, um edifício antigo no Bairro Alto, cuja condição semi-devoluta e desocupada oferece condições ideais para expressar as propostas e ambientes que tem vindo a propor e a explorar, na transição de uma actividade de rua para um espaço interior.

Este ano conta também com uma parceria estratégica estabelecida com o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural através do Programa Escolhas, neste Ano Europeu do Diálogo Intercultural, onde se pretende desenvolver trabalho durante o evento com um grupo de jovens com interesse e aptidão para trabalhos de natureza artística e visual, originários de bairros onde o Programa Escolhas se encontra implementado, de modo a acompanhar e participar na edificação, montagem e período de exposição.

Conta igualmente com a participação dos writers convidados Xenz e Krek, de Inglaterra, que participam na exposição, em momentos de pintura ao vivo junto com o colectivo, assim como na partilha das suas experiências de vida nas conversas do programa.

Como convidado especial este ano, em complemento da participação do membro Ram, a VSP apresenta o trabalho do jovem artista português From the Cave, incentivando desta forma a abertura à nova geração de graffiti e arte urbana nacional.

Como complemento, a VSP deste ano propõe conversas com especialistas e interessados de áreas como a arquitectura, sociologia, antropologia, história da arte entre outras, com vista a discutir questões actuais em torno da reivindicação e uso do espaço público urbano, arte e expressão visual. A mostra de filmes subordinados aos mesmos temas terá igualmente lugar no espaço da exposição.

Esta edição apresenta ainda duas tardes de pintura colectiva, com convidados nacionais e igualmente abertas à participação do público, na Fábrica do Braço de Prata, onde se realizou a edição de 2007, com vista à renovação do espaço exterior pintado no ano anterior.

A entrada no evento será livre.

Artsoundz

// Artsoundz Exhibition
























Quem: AddFuelToTheFire, Klit, Leonor Morais, Lucas, Mar, Misha, Paulo Arraiano, Quill e Ram
Onde: Centro de Congressos do Estoril
Quando: 22 Novembro ás 23h

18.11.08

Target online

// www.stick2target.com



Ainda em construção, mas já com bastantes coisas para ver...e acompanhar. Target volta à carga com a actualização do site em forma de blog. Notícias e portfolio subdividido em posters, stickers e stencils, entre outros. Já na secção WEB do Cartel para futuras visitas.

Odeith Video

// Is not graffiti

Estuce

// S.João da Madeira - 2008

Rawd

// Porto - 2008

11.11.08

MTV no Barreiro

// MTV prepara programa sobre a arte do graffiti na cidade

Hoje uma equipa do canal MTV esteve em filmagens no Barreiro a preparar um programa que retrata a arte do graffiti no Barreiro. O VJ Diogo Dias, um dos apresentadores do novo programa VJ Blog, sublinhou que o despertar do interesse pela nova arte de rua no Barreiro surgiu porque a cidade recebeu uma das primeiras lojas de material grafitti no país, a Station, e pelo facto de ter um espaço que permite a expressão dessa arte de forma legal, as paredes do Campo do Luso.

O Campo do Luso, o Nicola e a loja Station foram pontos de passagem para a realização de um programa que conta com a presença do DJ Glue, dos Da Weasel, e ainda que não tenha data marcada, espera-se que passe nas televisões no final deste mês.

// Station - “uma referência para todos os graffiters”

Ainda sem data marcada, a cidade do Barreiro vai aparecer no canal MTV, no programa VJ Blog, um programa que estreou no dia 1 de Outubro e que passa na MTV todas as quartas-feiras às 21h55. A arte de rua, através dos graffitis, foi o tema escolhido para retratar o Barreiro no programa VJ Blog, um programa direccionado para o público mais jovem. Diogo Dias, o primeiro VJ da MTV Portugal, sublinha que o interesse pelo Barreiro foi despertado porque a cidade recebeu uma das primeiras lojas de material grafitti no país, a Station, que diz ser “uma referência para todos os graffiters” e também por possuir espaços “que permitem aos graffiters expor a sua arte”, o que acontece nas paredes do Campo do Luso.

DJ Glue, interveniente no programa que vai ser feito sobre os graffitis no Barreiro, lembrou que as pintura nas paredes do Campo do Luso resultaram do Concurso Internacional Write4Gold, que se realizou em Março de 2008, na Quinzena da Juventude, e que era inspirado no tema: “Os contos de fadas”. Dessas paredes, que em tempos, ecoavam palavras de ordem, hoje também são utilizadas “para passar uma mensagem”, sublinha, através de uma arte urbana visível.

A equipa da MTV adiantou ainda que no início de 2009 está prevista a realização de um concurso de graffiters no Barreiro, promovido pela MTV e Forum Barreiro.

*Fonte: Andreia Catarina Lopes

Costah

// Castelo da Maia - 2008

10.11.08

CMP como a CML

// Câmara adquiriu máquina para remover graffitis

A Câmara do Porto preferiu não seguir as medidas condenatórias contra os graffitis - tal como fez a de Lisboa - e, através da Direcção Municipal de Ambiente e Serviços Urbanos, criou uma "valência específica", tendo para o efeito comprado uma máquina de remoção de graffitis e constituído duas equipas de intervenção que "operam diariamente", sendo que este ano "já foram intervencionados cerca de 5000 metros quadrados".

Tratando-se de um projecto de "continuidade", estão igualmente a ser equacionadas "medidas complementares de sensibilização e mobilização da população que permitam uma certa auto-fiscalização".

Também contactada pelo JN, a Empresa do Metro, explicou que "entre os vários problemas de vandalismo que existem, a questão dos graffitis não é dos mais prementes".

Ainda assim, foram identificados locais de maior concentração de pinturas, sendo as zonas de maior incidência "entre as estações de Sete Bicas e Casa da Música, assim como nos muros das passagens superiores nas linhas Vermelha e Verde, e em alguns acessos de estações subterrâneas".

A "política" da Metro em relação aos graffitis passa por "tentar remover as pinturas o mais depressa possível, num período que nunca ultrapassa as 48 horas". "Tem de haver um mínimo de preservação nas estações para que não haja uma degradação geral".

Para além disso, a Metro sublinhou que "todos os anos decorre uma acção de sensibilização que apela as pessoas para denunciar casos, não só graffitis, mas todo o tipo de vandalismo".

*Fonte: Jornal de Notícias

5.11.08

Sen

// Olhão - 2008

Biph

// Back in the days








3.11.08

Cartel entrevista MAR



// Há quanto tempo te iniciaste no graffiti e como?

MAR: Bem, antes de mais agradeço este convite, e aprecio o teu interesse pelo trabalho que já venho a desenvolver há cerca de 10 anos. Iniciei-me em 98 juntamente com o Klit, o nosso mentor na altura era o Roket, old school writer de Almada, que nos fez pegar em latas pela primeira vez.
Até então tinha apenas muita curiosidade e muitas fotos de paredes, por exemplo do Hall of fame das “Amoreiras”, dos PRM ao pé de Belém, do Uber em Algés, e muitos mais. Foi um começo engraçado, porque estávamos todos na nossa hora de almoço (isto porque trabalhávamos todos juntos num estúdio de animação nas Olaias) e foi só descer e tinhamos um muro de um ginásio virado para a linha do comboio. Fiz umas letras, as minhas primeiras letras, percebi logo que não era por ali, voltamos lá depois de alguns dias para continuar a nossa obra e fomos apanhados pela policia, mas não se passou nada - o normal. Demos a nossa identificação mas como o proprietário não apresentou queixa estou até hoje sem receber nada e acho que passou á história.
E assim foi até hoje, sempre a trabalhar agora de uma forma mais séria e profissional, uma evolução constante à procura da consistência gráfica numa parede, numa tela, ou apenas numa simples folha de papel.




// Quais são para ti as principais diferenças entre essa altura e os dias de hoje, não só no teu trabalho pessoal como no graffiti em geral?

MAR: Na altura, em 98 - eu já pertenço à 2º geração do graffiti em Portugal - começava o boom, houve muita gente que começou a pintar e nessa época, falo aqui em termos pessoais, fazíamos pelo “rush”, pela krew, pintava muito mais à noite e fazíamos fins-de-semana em Almada na “Galeria” onde surgiu um interesse pela parte mais técnica, pelas ideias, pelos ideais, pelo convívio. Aí percebi que o graff podia evoluir para um lado mais de arte.
O que eu sinto nos dias de hoje é que não há grandes diferenças do passado, os que continuaram, os que se dedicaram só agora estão a ter um retorno em termos de evolução e de objectivos alcançados, o tempo e o trabalho feito é o melhor
barómetro de qualidade. Acho que houve uma maior apropriação do graff por parte das marcas e o graffiti neste momento está com uma indústria brutal por detrás, que assegura eventualmente parte da sua continuidade. O que por um lado pode prejudicar, mas por outro mantém no vivo em termos de movimento existente numa cultura social que por vezes sofre altos e baixos. Cabe a nós, os que cá ficam dar um bom destino a esta arte urbana.
Em relação ao meu trabalho, sinto que evolui naturalmente, mais maduro e com uma visão mais capacitada para conseguir distinguir o bom do mau e compreender o caminho a seguir.


// Hoje em dia vives do teu trabalho criativo, o que em Portugal não deixa de ser quase uma excepção à regra. Quais foram aqueles que consideras os passos mais importantes para teres alcançado esse "estatuto"?

MAR: Eu acho que não existe nenhuma fórmula mágica, sempre sonhei, sempre acreditei, sou muito optimista, estou rodeado de bons amigos e com muito, muito trabalho e persistência, consegues. Eu próprio por vezes sinto-me cansado mas não olho para trás nem me deixo abater, porque as escolhas que fazes tens de ser responsável por elas e responder com trabalho. Adoro pintar.



// O teu trabalho caracteriza-se pelo uso de bastantes personagens num estilo que te vem diferenciando dos demais. Mas existe muitas vezes o rótulo de que quem faz bonecada e não faz com regularidade letras não é o "verdadeiro" writer. O que respondes a isso?

MAR: O graffiti sempre se fez acompanhado de personagens. Claro que a base do graffiti são letras e a escrita, mas como tudo na vida tem uma evolução o graffiti não foge a regra e como tal as minhas personagens funcionam como uma ponte visual entre o espectador e a obra.
Considero que não sou um writer completo, mas neste momento desempenho o meu papel numa vertente que o movimento tem que é o “hall of fame”. E pesquiso muito as formas das personagens como outros pesquisam as formas das letras, importa o sentido que dás e como te inseres num fame, já existem tantos writers a fazer letras que quis ir pelo lado que me desperta mais sensações.




// És o grande responsável pelo evento Seixal Graffiti, que vem sendo nos últimos anos o melhor meeting nacional de graffiti. Quais são as maiores dificuldades que encontras para tornar ano após ano este evento viável?

MAR: As maiores dificuldades que encontro é uma instabilidade financeira por parte da Câmara Municipal, o nosso principal apoio. Não digo isto de uma forma perjurativa, visto que tem sido um grande ajuda ao longo destes anos todos. Sempre contei com a sua disponibilidade, mas ás tantas, talvez por ser um evento já mais do que feito, parece existir um certo desleixo organizacional, uma inércia orçamental. Como única ajuda financeira para colocar este evento de pé, e estando sempre dependente dessa ajuda, existem prazos que não são cumpridos e isso não pode acontecer. Estamos sempre até a última para saber das latas, das viagens de writers convidados, etc. Contratempos esses que colocam em causa este evento.
Talvez pelo facto de querer manter este evento muito “underground” sem o festival de marcas, também dificulta um pouco, mas gostava de manter essa filosofia.


// Sentes-te de certa forma desapoiado não só por quem deveria suportar e patrocinar este evento, mas também pelos writers que nem sempre conseguem ter a noção de que o teu esfoço não é em prol pessoal uma vez que nem dinheiro ganhas com isso, mas em prol do graffiti nacional?

MAR: Eu chego à conclusão que é sempre assim, haverá sempre vozes da revolta, mas é como te digo, são apenas vozes que desaparecem no ar e não são sustentáveis pelo simples facto de serem apenas vozes. Não existe nada físico, nada que possa ser passível de haver um confronto de ideias, um comparar de trabalho feito. Isto respondendo aos mais incomodados, mas penso que de uma forma geral existe de facto uma concordância entre os writers e isso veio com o tempo, de que colocar de pé um evento como este exige muito esforço e dedicação por parte de todos, não só da minha parte. Mas precisamos de nos juntar para nos levarem mais a sério.
A minha tarefa mais difícil no Seixal Graffiti é sem duvida uma gestão de egos, que isso sim te de ser ultrapassável. Porque não pode nem deve existir esses conceitos de espaços e de quem pinta com quem num meeting, devemos dar menos importância a certas e determinadas coisas. Eu sinto que o que faço é um pouco em prol do graffiti em Portugal, em prol da sua existência como arte e se fosse para ganhar dinheiro já tinha desistido à muito, aliás, perco dinheiro todos os anos.
Eu acredito que este tipo de evento, com tudo o que ele acarreta (seja bom ou mau), é o que faz a evolução.




// Na edição deste ano existiram alguns contratempos, os quais não podias evitar. O que aconteceu para os writers internacionais não terem marcado presença?

MAR: Foi muito simples. Como falava na questão anterior, as verbas que nos são atribuídas por parte da Câmara simplesmente desapareceram a duas semanas do evento, e os writers convidados já tinham sido contactados. O que acontece neste casos é que quem viaja para pintar como convidado gosta de ter tudo tratado, com viagem paga, etc, e não foi o que aconteceu. Sem dinheiro não se consegue fazer nada. E como eu não tinha para colocar à frente nem queria, optei por cancelar a sua vinda este ano, com muita pena minha. Tivemos alguns estrangeiros muito bons que já cá estavam em Portugal, como foi o caso do Onesto do Brasil e conseguimos um mural que este ano bateu o record com cerca de 70 writers a pintar no Seixal.



// E de que forma reages ao que aconteceu durante a noite..? (ver post "Seixal Graffiti 2008 ver.1")

MAR: Existem pessoas que de facto ainda não perceberam a força que o graffiti tem e esses actos apenas servem para reforçar a minha vontade em manter este evento. Eu sou teimoso e não vou abaixo facilmente, tudo o que essas pessoas ou pessoa fizeram foi unir ainda mais os writers para fazer mais e melhor. Tivemos uma tempestade no domingo, e mesmo quem não conseguiu acabar voltou na segunda para terminar, o que eu acho de louvar e dou os meus parabéns por querer ver terminado o trabalho. Quando isso acontece é porque existe um gosto pessoal e uma vontade enorme que não será certamente abalada por actos cobardes como estes.



// Seixal Graffiti 2009...vai ser diferente?

MAR: Vai! Tem de ser diferente. Vamos ter uma reunião com a Câmara para perceber o que correu mal, o que correu bem. Para o ano vou colocar algumas regras e pârametros que devem ser respeitados, caso contrário também não faço este evento. Existem erros que podem ser evitados, como foi o caso dos andaimes, do número de latas e artistas convidados, etc.



// Por último e só para dar um cheirinho...VSP 2008, queres adiantar alguma coisa?

MAR: A VSP2008 tem inauguração marcada para o dia 27 de novembro, na Rua do Norte - Bairro Alto, que depois se desdobrará em outras actuações em sítios depois a divulgar. Vamos ter writers convidados, que não irão só pintar mas também falar um pouco da sua experiência, e outras surpresas. Estão todos convidados a aparecer. Podem consultar a programação no site da Visual Street Performance.
E também quero dar-te os parabéns por este fantástico trabalho que tens feito de amor à causa e como interpretas esta complexa e apaixonante arte. Continua o bom trabalho