27.5.09

Aproveitar grafiters para reabilitar zonas velhas

// Ideia do PS agradou. Câmara já limpou seis mil metros quadrados

Aproveitar os graffiters que ilegalmente espalham desenhos pela cidade, desordenadamente e sem critério, e pô-los a reabilitar muros degradados é uma solução que a Câmara do Porto poderá vir a pôr em prática.

A proposta partiu da vereação socialista, mas agradou a Rui Rio. "Há muita sujidade no Porto, há ruas completamente grafitadas. Proponho que a Câmara reúna os grafiters para reabilitar estas zonas degradadas, os edifícios sujos e feios", propôs a vereadora substituta do PS, Carla Miranda, ontem de manhã, na reunião pública do Executivo.

"É possível trabalhar com esta gente", acrescentou a socialista, considerando que o trabalho pode ser feito em colaboração com as juntas de freguesia. Carla Miranda lembrou, no entanto, que é preciso fazer a distinção entre os graffiters e os que se limitam a assinar nas paredes (tags), como forma de marcar território.

Rui Rio achou "interessante" a proposta, nomeadamente no que toca à articulação com as juntas de freguesia. "Embora a Câmara esteja a fazer um esforço para limpar as paredes da cidade, admito que a entrada de novos grafitos seja superior. Pegar nas paredes velhas e dar-lhes uma nova vida parece-me uma boa ideia", reiterou o presidente da Câmara do Porto.

De acordo com a informação, publicada no último número da revista oficial da Câmara do Porto, a Direcção Municipal de Ambiente e Serviços Urbanos tem vindo a fazer um esforço em termos de limpeza urbana, dando "prioridade à intervenção na remoção de graffitis que proliferam no espaço público". "Até agora foram limpos mais de seis mil metros quadrados", pode ler-se no artigo.

*Fonte: Jornal de Notícias

25.5.09

Masyr & Risko

Risko

20.5.09

Livro

// Action Painting - Bringing art to the trains




O lançamento de um dos mais completos livros de trains é no LX Concept no próximo dia 22 de Maio ás 22h.

Todos os registos apresentados em "Action painting - Bringing the art to the trains" são inexistentes. Desaparecidos, abafados, limpos, ás vezes apenas algumas horas depois de terem sido feitos.

Os editores compilam assim em 216 páginas a cores centenas de fotografias raras fazendo deste livro um dos mais completos para a compreensão e conhecimento da existência do graffiti no sistema ferroviário europeu.

Ficam alguns previews e o convite para darem um salto ao LX Concept na próxima sexta-feira ás 22h:









*Info: LX Concept
Estrada de Benfica 451 F/G
1500-080 Lisboa
Tel.214020426
(A 2 minutos do café Califa)

Jornal "i"

// Até onde vai a lata de um tagger

Acompanhámos dois homens que, na noite de Lisboa, espalham os seus tags: assinaturas em spray, ilegíveis e ilegais. A praga vista por dentro.

"A cidade está deserta, e alguém escreveu o teu nome em toda a parte." Filipe, de 21 anos, entoa a frase roubada aos Ornatos Violeta, uma das suas bandas favoritas. A música pouco tem a ver com a cultura underground dos taggers - fala de amor -, mas parece assentar-lhe que nem uma luva. Entre Sete Rios e Benfica, enquanto a cidade dorme, há quem deixe rabiscos por todo o lado: "Nas casas, nas pontes, nas ruas."

Praga ou arte urbana? Crime ou forma de expressão? A cidade de Lisboa está pintada a spray. Ruas, bairros, becos, autocarros, comboios, nada escapa à lata de um writer. As assinaturas tornaram--se uma dor de cabeça para os moradores - e custam 30 mil euros por mês à autarquia. Em nome da liberdade, dizem de um lado; lixo urbano, clamam do outro. "É vandalismo gratuito", sentencia Luís, 31 anos, um dos taggers mais antigos da capital. Risko, o seu pseudónimo, é provavelmente dos mais vistos em Lisboa.

Assume-o sem rodeios e visivelmente orgulhoso na omnipresença, embora seja curto nas explicações: "Faço isto de forma irracional, como qualquer pessoa que fala ao telemóvel enquanto conduz." Depois há o lado egocêntrico: "Gosto de passar nas ruas e dizer ?olha, o Risko esteve aqui?." Na verdade, o Risko está em toda a parte. Ou quase.

Nove e meia da noite. Na estação de caminhos-de-ferro de Benfica, Risko e Calor preparam-se para mais uma noite de trabalho. Não há plano: qualquer local serve para "dar uns tags", desde que seja visível para muita gente. "É facílimo arranjar casas, fábricas abandonadas, paredes a que ninguém liga", garante Risko, um veterano do bombing, variante mais radical de graffiti.

Filipe (Calor), mais novo, é tratado como seu pupilo: pouco falador, recebe as instruções - "se aparecer a bófia, atiras as latas para o jardim" -, e carrega a mochila com o material. "Hoje trazemos oito latas de spray", conta. As horas que se seguirão adivinham-se agitadas, numa espécie de jogo do "toca e foge". "Temos de andar rápido. Quem nos vê pode chamar a polícia", avisa o veterano. Rua acima, o duo atravessa um bairro residencial de Benfica em direcção a uma casa abandonada. Para trás vão deixando marcas: postes de iluminação e paragens de autocarro. A lógica esgota-se na marcação do território, dividido entre os diferentes crews (grupos de writers). "Era para ser um centro de saúde, mas a obra nunca chegou a ser acabada", afirma Risko. Hoje é local de eleição para a criatividade de dezenas de writers.

Apanhado no metro Há uma espécie de código de ética e hierarquia entre os taggers: normalmente não pintam sobre outras assinaturas, na zona onde vivem, nem em edifícios novos. Muitas vezes, o tag funciona como uma mensagem enviada a outras crews. É também habitual grupos rivais pintarem fora das suas zonas, por vingança ou simples provocação.

Não foi o caso. Seguimos em direcção a Sete Rios, zona que Risko reclama como sua. Pelo caminho exibe orgulhosamente as criações, algumas com mais de dez anos. "O tag tem essa componente, eterniza-nos. Um amigo meu morreu há seis anos, mas a marca dele ainda está nas ruas. Continua vivo." Junto à Radial de Benfica, os pilares que seguram a Segunda Circular são presas fáceis para os taggers. Bem mais fáceis do que o metropolitano. Calor sabe do que fala, foi detido, julgado e condenado à custa de uma incursão nocturna aos túneis do metro. "Levei uns bons socos dos seguranças e paguei uma multa de 300 euros", diz.

Pintar uma carruagem é uma tarefa arrojada, e o risco nem sempre compensa: serve apenas para conquistar um troféu - uma fotografia -, já que nenhuma composição circula grafitada. "Um bombing no metro implica disponibilidade. É quase como pôr uma bomba. É preciso furar a segurança, passar muitas horas a observar e a planear", explica RAM, outro veterano dos graffiti, e dos poucos que vivem na legalidade - só pinta onde é permitido, e é esta actividade que lhe paga as contas de casa.

O seu caso é uma excepção. Para a grande maioria, o tag é um divertimento cujos custos não estão ao alcance de todos: cada lata custa quase três euros e meio. "Ganho 500 euros por mês e gasto quase tudo em graffiti", assegura Risko, que faz uns biscates na área da publicidade e do design. "Os graffiti salvaram-me a vida. Nunca me meti em drogas, apesar de ter vivido num gueto propício à delinquência." Calor afina o discurso pelo mesmo tom: "Em vez de gastar dinheiro em drogas, gasto em tintas."

Do outro lado da linha "Há pessoas que evoluem do tag para a mensagem", explica RAM, que há muito estuda o fenómeno dos grafitti em Portugal. Aos 32 anos, muitos depois de ter deixado o bombing, só pinta com autorização. Ou quase. O princípio mantém-se: ser visível.

Esse mesmo princípio leva Risko e Calor a descobrirem uma passagem para a parte interior da linha de comboio, junto à estação de Sete Rios. O caminho obriga-os a escalar um pequeno monte de terra cheio de silvas e a saltar um muro. Nada que os pilares interiores junto à linha não justifiquem: "Amanhã quem passar no comboio vai olhar", acredita Risko. No regresso, o veterano encontra uma saída junto à vedação. Ergue-a e dá passagem a todos: "Fácil, não? Faço isto há muitos anos."

*Fonte: Jornal "i"

Kayo

// Porto

18.5.09

Mesk, Mr.Dheo & Oker

// Maia - 2009

Mesk, Mr.Dheo e Oker foram convidados a decorar uma parede para a exposição de Arte Contemporânea "A garagem da vizinha", no centro da Maia.

Para bom entendedor do graffiti e de tudo aquilo que o rodeia, a mensagem bastou.

Vhils

// Scratching the surface

Vhils apresenta um vídeo de luxo. Divulgado em primeira mão no Wooster Collective, e com rasgados elogios do mesmo, atingiu 3700 visualizações...num só dia.

Com mais um trabalho original e que tem levado Vhils ao patamar mais alto da cena do street art mundial, a filmagem de Pedro Patrocínio e a excelente montagem e áudio fazem deste vídeo mais uma enorme porta que exterioriza o que de melhor se faz em Portugal.



Com isto, Vhils anuncia também a actualização do seu site pessoal. Como sempre, o maior incentivo do Cartel para que o visitem e o divulguem. Aqui.